Na fila de um Banco.

16:01

E a gente se perde, num pensamento sem fundamento ou até mesmo em uma lembrança de algo a muito tempo vivido. Enquanto espero ser atendido, me perco olhando a fila imensa de um banco, imaginando quantas historias de vida se encontram ali. Quantas delas podem quase ter se cruzado em algum momento e ninguém se deu conta. Quantas historias felizes, tristes, quantas lutas, quanta dor.

Cada um carrega em si um oceano, há quem saiba nadar mas prefira  a margem. E há aqueles que mesmo sem saber mergulham fundo a fim de conhecer o que de melhor o outro pode oferecer. Me questiono quantas decepções amorosas aquela senhora com sacolas no braço e o neto no outro já viveu?  Quantas noites sem dormir para garantir o sustento da casa aquele senhor de cabelos brancos passou? Será que hoje ao olharem pra trás estariam satisfeitos com a vida que viveram? Me parece que sim.


Vejo marcas da vida no rosto de cada um, mas embora tenham marcas não vejo tristeza no olhar de  nenhum deles. Pelo contrario, vejo a leveza de quem carrega consigo a sabedoria de uma vida, de anos, de décadas e ainda assim olham para os dias de hoje, para o futuro de hoje naquela pequena criança de colo, com esperança. Aqueles olhos que já viram tanta coisa, aquele coração que já passou por tanta coisa boa e ruim, aquele corpo que carrega o peso do mundo, ainda tem esperança no hoje.

Por que eu não posso ter? Por que você não pode ter? Por que duvidamos tanto de algo melhor, de um futuro diferente mesmo em meio a tanta coisa absurda e ruim acontecendo? Por que não podemos simplesmente acreditar? Podemos...Podemos muito mais, podemos absorver toda a sabedoria e ensinamentos desses "senhores e senhoras" das nossas vidas. Podemos aprender a ver com olhos de leveza, de esperança.

Ai eu me pergunto, o que passa então na mente daquela criança ao olhar a avó? Nada, é só sua avó, aquela que o carrega nos braços, que lhe da carinho é assim que provavelmente ele a vê, como um acalanto, mau sabe criança que tens um poço de sabedoria em sua frente... Mas o que importa isso agora? O pequeno menino só quer ir embora.

É a gente se perde, em um pensamento sem fundamento, nas nossas historias, na historia do outro, na duvida, na sabedoria... Ou na fila de um banco.

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4 comentários

  1. Sabe, faço isso também. Vejo pessoas, não apenas na fila do banco, mas na vida, no cotidiano e tento imaginar as suas histórias. Mas é na fila do banco em que paramos um tempo e pensamos mais. A vida é arte. Te acompanhando a pouco tempo e admirando muito seus escritos moço.

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    1. Sim, não tem coisa melhor Alessandra. Se inspirar nas pessoas rsrss... Obrigado ;)

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