Você outra vez.

17:33

Olá povo, quem acompanha o blog sabe que estou escrevendo um conto em parceria com a Nathy do blog 48 janeiros. Esse é o segundo texto e esta sendo uma experiencia e um desafio prazeroso pra mim dar continuidade. Espero que gostem, pra quem quiser ler a primeira parte esta aqui.


Primeira parte | Thales Basso

Era mês de junho e se aproximava a festa junina tradicional da cidade. Em todo canto já se viam os enfeites e as pessoas não falavam de outra coisa. Lembro-me das vezes que íamos juntos e de como se deliciava desajeitada com seu morango com chocolate que eu fazia questão de comprar. Ela sorria, maravilhada com algo que, para mim, era tão simples. Era de lei em toda festa o passeio na roda gigante do velho parque, seu morango e meu algodão doce. Ah, como a vida era doce naquela época!
Embora essas festas tenham perdido a graça desde que ela se foi, nesse ano seria diferente. Visto uma calça jeans e uma camisa preta, apanho meu casaco e saio. Como todos os anos a festa está cheia, bandeirinhas coloridas enfeitam todo lugar, crianças correm para lá e para cá e se divertem em meio aos brinquedos. Avisto de longe o carrinho de algodão doce e sem pensar duas vezes me dirijo a ele.
- Um algodão doce, por favor - peço ao senhor que o faz rapidamente.
Ao me virar colocando um pedaço grande daquelas nuvens doces na boca, me deparo com ela, parada em frente à barraca de morangos.
E ela continua linda, como sempre. Está usando um vestido azul que, em contraste com seu all star surrado, me faz pensar que aquela menina que eu amei ainda existe ali. Não resisto e me aproximo. Precisava tentar ao menos um diálogo, saber como estava a minha menina e, mesmo com medo, mesmo sabendo do quão difícil foi nosso rompimento, eu vou.
- Que bom saber que morangos com chocolate ainda são os seus favoritos - eu a abordo.
Ela vira assustada e me olha diretamente nos olhos, desajeitada deixa escorrer chocolate no canto dos lábios, mas nada diz. Percebo que a surpresa em me ver é grande. Será que ela também pensou em mim? Ainda pensa em nós? Tantas coisas me passam pela cabeça naqueles poucos segundos...
- E é bom ver que ainda é desajeitada também, afinal, acho que não estamos tão diferentes assim - digo eu, quebrando o silêncio e limpando com as mãos o canto de sua boca.
Boca essa que me deu os melhores beijos. Como é bom sentir em minha mão de novo a sua pele! Como é bom sentir que você ainda é tão viva em mim.

Segunda parte | Nathalia Dutra

Mais uma vez ocorreria a típica festa junina da cidade. Uma noite por ano, nos reuníamos para dançar, cantar e comer em volta de uma fogueira, num parque cheio de brinquedos, bandeirinhas e barracas. Era algo bem divertido. As lembranças das minhas últimas festas antes da faculdade são todas ao lado dele. Essas e mais muitas lembranças fazem parte daquelas gostosas de pensar, mas que, com um choque de realidade, machucam como nenhuma outra.
Decidi ir sozinha, já que sabia que encontraria alguns amigos. E realmente encontrei. Toda a turma do ensino médio estava ali. Em meio a muitas conversas, risos e saudades, distancio-me por um momento em busca de morango com chocolate, meu doce favorito no mundo inteiro.
Assim que abocanho o primeiro morango, ouço uma voz por trás de minhas costas que, instantaneamente, causa um arrepio por todo o meu corpo.
- Que bom saber que morangos com chocolate ainda são os seus favoritos - diz ele, com aquele sorriso cafajeste no rosto.
Eu não consigo pensar em algo para dizer. Antes que eu perceba o chocolate escorrendo pelos meus lábios, ele, limpando meu rosto, diz:
- E é bom ver que ainda é desajeitada também, afinal, acho que não estamos tão diferentes assim.
Por alguns segundos, minha mente luta para processar o que está acontecendo. Respirando fundo, o cumprimento com um "boa noite" o mais simpático que sou capaz. Afinal, embora sua presença ali seja um tanto estranha para mim, as pessoas mudam em cinco anos. Tento encará-lo como um amigo antigo, nada mais do que isso.
- Boa noite, moça - responde. - Há quanto tempo não te vejo.
- Bastante - concordo. - Como vão as coisas?
- Tudo certo, graças a Deus. E você?
- Estou bem.
- E a faculdade?
- Foi boa também. Mas a melhor parte foi terminá-la.
Ele ri e eu mal acredito que consegui ser legal num momento como esse. Eu esperava que ele desistisse e voltasse a seu algodão doce.
- Aqui também foi bom. Bem pesado, mas foi bom.
- Engenharia?
- Isso.
- Que legal - comento. - Ah, se você me dá licença, eu deixei o pessoal me esperando.
- Ah, tudo bem - diz. - A gente podia ver um dia para conversamos.
Eu, subitamente, engasgo com um pedaço de morango. Tento disfarçar, mas ele está sério. Talvez já sabia qual seria minha reação.
- Conversarmos o quê? - pergunto, surpresa.
- Não sei... só conversarmos - diz, encarando algum ponto qualquer que não é os meus olhos.
- Eu não sei, Rafa.
- Por que, Gabi?
- Eu só não vejo motivo - desabafo, já cansada.
- É que... Bem, eu preciso esclarecer algumas coisas para você.
Eu fito aqueles olhos. Um turbilhão de sentimentos me afogam e começo a sentir a maré subindo pelos meus. Respiro fundo e tento não olhar mais diretamente a ele, mas algum ímã atrai os meus olhos, independente do quanto minha mente toque o alarme de perigo.
- Me desculpe, Rafa - digo, retirando-me. - Mas as coisas sempre estiveram claras para mim.
- Gabi! - grita, às minhas costas. Eu corro para longe, mas ele termina: - Te pego sexta às sete.
Finjo que não escuto mas, involuntariamente, sorrio. Continua sendo o mesmo Rafael.

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4 comentários

  1. Rafa sempre me lembra de rafeiro, ahahah

    Mas pronto, vou ignorar o nome :) Quero aquele algodão doce da foto :OOOOOOO

    Gostei da história, não tenho tempo de ler a primeira parte... Mas, um dia, terei :D eheheh

    Um Abraço, Rafa man!
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    1. Rafeiro rsrss...Obrigado Sofia, arrume um tempinho e leia a primeira parte sim? Garanto que vai gostar.

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  2. Thato parabéns a sua parceria com a Nath esta cada vez mais maravilhosa, estou amando os textos.
    Beijos
    Floreios/

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    1. Ah Luci, muito obrigado, esta sendo bem divertido de fazer ^^

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