[642] 130- Perdendo a sua memória...

09:42

E foi assim, como um piscar de olhos ele se viu cair e depois já não viu mais nada, já não se via em mais nada.

Foi depois de uma crise daquelas mais fortes que perdeu a consciência, perdeu o rumo de si, se perdeu. Quando acordou já não era mais ele, ou talvez havia voltado a ser um alguém que nem lembrava mais.

Se viu ali naquele quarto de hospital cercado de rostos conhecidos com expressões estranhas. Parecia que sabiam de algo e ele não, e sabiam.
O médico se aproxima e lhe conta daquele subito apagão e o que parecia não ser nada era tudo, o fim ou o começo de tudo. Teu cérebro apagou algumas coisas lhe disse o medico, teu pico de estresse traumático foi tão grande que teu corpo te protegeu. 
Que coisas? Pensara ele, de que coisas afinal não lembro e até quando não lembrarei? Suas dúvidas são logo respondidas, sua perda de memória é temporária mas será dolorida.


A partir daquele momento ele sentiu antigas dores novamente, sentiu a perda da avó que fora embora a quase dois meses pela segunda vez  e como doeu...Chorar, gritar não parecia ser o sufiente era dificil acreditar ser verdade, que a mulher por quem ele morreria havia partido e ele nem se quer se lembrava de ter se despedido.

Teve novos recomeços e ouviu antigas historias como novas outra vez. Ele reconhecia pessoas mas não tinha certeza se havia algo sobre elas que ele havia esquecido, algo que deveria saber e talvez não soubesse mais. Sentia a proximidade de algumas pessoas, a cumplicidade com outras mas ainda não entendia o por quê. 

Se apegou novamente a pessoas que já haviam se afastado e então sofreu novamente ao saber o por quê do afastamento ao vê-las se afastando outra vez. Reviveu amores e alegrias de maneira nova e única, como se a vida lhe tivesse dado uma segunda chance.

Aos poucos foi se lembrando daquela noite que resultou em tudo, foi lembrando dos acontecimentos, das histórias, das importância de determinadas coisas e pessoas em sua vida. Realmente havia sido temporário, uma temporária perda de tudo ou uma chance de renascimento.
Os dias foram passando como se nada tivesse acontecido, memória quase restabelecida por completa. As pessoas já nem se lembravam mais do ocorrido e ele já nem se dava mais conta do que lembrava ou não, exceto de detalhes desses ele não lembra não. 

Essa dúvida só o assombra em conversas quando alguém muito próximo termina alguma  frase  com "você não se lembra?".
Talvez...Talvez ele não se lembre ou talvez ele nem tenha vivido. Talvez ele tenha vivido mas não queira se lembrar... Talvez...
Será que não lembro ou não vivi? Essa dúvida sempre vai me acompanhar.

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6 comentários

  1. Sempre acreditei em segundas chances, e apesar de muitas delas dar extremamente errado, outras nos mostram o quanto estávamos certo. Se é que me entende. As vezes penso, quero perder minha memória das coisas ruins, e lembrar somente das boas, mas aí não seria eu, não teria aprendizado, não teria lição nenhuma. Mas esquecer do que é necessário é uma ótima saída ^^

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    1. É Kelly com certeza esquecer do que é necessário é uma ótima saída pra fazer diferente, pra recomeçar. Mas e quando a vida lhe obriga a esquecer? E quando lhe é imposto sem que nem tenha chance de escolher do que quer esquecer ou lembrar? A vida prega cada peça.

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  2. Oi querido,lindinho, fofinho, amorzinho ou Thato adorei o seu blog, você pode responder meu email?
    Um beijo, Ingrid!

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  3. Nossa me identifiquei demais com esse texto, sou a favor das segundas chances, mas na maioria das vezes acho que as pessoas abusam da nossa boa vontade.
    Você escreve muito bem, parabéns!

    nikysecrets.blogspot.com.br

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    1. Poxa Nicolly, muito obrigado. Obrigado pela visita. Sim com certeza acho que segundas chances são validas mas nem todos merecem.

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